18.6.11

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS


BIBLIOTECA
JUNHO 2011

Cá estamos de novo...

Encontramo-nos nesse espaço que se estende entre nós e as palavras.

No exercício da busca manifesta-se, no rasto da tinta, o desenho inquieto das letras. Desenhamos o sentido com a régua e o esquadro da consciência. Com o compasso dos dias traçamos um conceito fechado em si mesmo.

Na Escola da Arte o Livro das Ideias.

Na Arquitectura da Palavra a Engenharia da Memória.

Na Biblioteca do Tempo a Leitura das Horas.

Entre nós e as palavras…

O único sentido possível.

MIGUEL PAIS

Entre nós e as palavras há metal fundente

entre nós e as palavras há hélices que andam

e podem (…) tirar do mais fundo de nós o mais útil segredo

entre nós e as palavras há perfis ardentes

espaços cheios de gente de costas

altas flores venenosas portas por abrir

e escadas e ponteiros e crianças sentadas

à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos

(…)

há palavras imensas, que esperam por nós

e outras, frágeis que deixaram de esperar

há palavras acesas como barcos

e há palavras homens, palavras que guardam

o seu segredo e a sua posição.

(…)

E há palavras e nocturnas palavras gemidos

palavras que nos sobem ilegíveis à boca

palavras diamantes palavras nunca escritas

palavras impossíveis de escrever

por não termos connosco cordas de violinos

nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar

(…)

Entre nós e as palavras, os emparedados

e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

YOU ARE WELCOME TO ELSINORE, MÁRIO CESARINY

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